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Análise Quantitativa Das Reações Adversas ao Anticoagulante (acd) Na Doação Por Aférese

Publicado em: 06/12/2019
Autor : Lima CMF, Castro NCM, Souza NP, Nobre MF, Gomes LMF, Martiniano SMS, Oliveira JBF, Goncalves AGB, Cavalcante IR, Barbosa SAT
Publicado em: https://abhheventos.com.br/hemo2017/wp-content/uploads/2014/01/SUPLEMENTO-HEMO-2017.pdf

Objetivo:

Analisar a ocorrência de reações adversas relacionadas à doação de aférese com uso do anticoagulante (ACD) e a atuação da equipe de enfermagem no Hemocentro do Ceará.

Material e Métodos:

Estudo epidemio-lógico retrospectivo com abordagem quantitativa dos dados sobre a inci-dência das reações à doação no período de janeiro de 2015 a julho de 2017.

Resultados: No período do estudo foram notificadas 43 doações com reações à doação por aférese; 42 foram classificados como leve e uma modera-da. A incidência no período estudado foi de 1,5%, apresentando aumento no ano de 2015 (1,6%). Apenas um doador nesse período precisou de intervenção médica devido à perda de consciência durante a doação por aférese. Verificou-se que 88% dos doadores eram homens e 12% mulheres. Os sintomas mais recorrentes nas fichas de atendimento foram: palidez (23%), náusea (22%), tontura/vertigem (16%), mal-estar (15%), sudorese (7%) e pele fria (5%). Ao avaliar os dados apresentados, observou-se que das condutas de enfermagem as que obtiveram maior prevalência foram: interrupção da coleta (32%), elevação dos membros inferiores (26%), repouso (20%), posicionamento em Trendelenburg (14%) e hidratação oral (8%).

Discussão:

De acordo com o manual do Marco Conceitual e Operacional de Hemovigilância da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), as possíveis reações adversas da doação por aférese são: parestesias periorais e extremidades, sensação de frio, náusea e vômitos. Esses sintomas são decorrentes do efeito do ACD, que gera hipocalcemia, hipomagnesemia e aumento do pH sanguíneo. O componente ACD é uma solução anticoagu-lante presente no kit utilizado para a coleta por aférese. Cerca de 300 mL dessa solução é infundida no doador durante a doação. Uma das preocupações em relação a esse produto são as reações adversas, principalmente no que se refere aos doadores jovens, em pessoas que estejam doando pela primeira vez ou que estão com o peso de 50 quilos, que é o mínimo aceito nesse processo, o que pode ocasionar intercorrências clínicas minimizando as chances de delização do doador e, consequentemente, impactando no atendimento da demanda transfusional. Os resultados apontam a necessidade de se explorar todas as dimensões das reações da doação por aférese.

Conclusão: Os dados apresentados indicam que há necessidade de maior vigilância e reformulação das fichas de atendimento, bem como conhecer os fatores que podem influenciar a ocorrência dessas reações à doação por aférese, subsidiando melhorias gradativas na triagem clínico-epidemiológica e na efetiva sistematização de estratégias que possibilitem a redução desses eventos. Compete ao enfermeiro em hemoterapia conhecer essa população em potencial e averiguar a qual substâncias químicas o doador tem rejeição, e se houve alguma intercorrência em doações anteriores.